TEATRO INCOMPLETO

Entre o nevoeiro de vergonha e medo,
Surge um esbelto palco corroído,
Ao centro, umas imponentes cortinas vermelhas,
Que se abrem, Silêncio na plateia, inicia-se o enredo.
Num grande campo de esmeraldas e trigo,
Dançam duas personagens extasiadas,
Cobertas de um eterno romance-torpedo,
Em que nada acontece, exceto estar contigo.
Rápido se dissipa, aquilo que foi segredo,
Fim do primeiro ato, meu amigo.
Seria de esperar, tragédia (nem que por cortesia),
Ou aclamar mais ação no estranho enredo,
Mas não… Tudo se resume a uma foça que vicia,
Em que a mente se ajoelha perante a alegria,
Um aperto inexplorado, o amor cega neste teatro,
Sempre que um espetador se sente reconfortado.
E assim acaba, nas esmeraldas um sentimento macabro,
Fruto da dança do trigo, um ritual antigo e abstrato,
O ritual de estar apaixonado,
Fim do segundo ato.

Poema de Edgar Sacadura
Poemas e poetas da rua
TEATRO INCOMPLETO TEATRO INCOMPLETO Reviewed by Unknown on segunda-feira, fevereiro 24, 2014 Rating: 5

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